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A "Consciência Humana" - O Espelho e o Livro e a Conversa com os avós. Por Carmen Américo

Uma das maiores vitórias do racismo é fazer o negro negar a si mesmo e aos seus tornar-se capitão do mato.

Em tempos de redes sociais os "capitãs digitais" atendem ao chamado da "Consciência Humana". Alisar os cabelos ou andar segurando a barra da saia dos que estão em posição de poder não faz ninguém branco. Como diz uma expressão racista dita por muitas de nossas avós “passou de branco é preto".

Um termo racista que pode ser lembrado para os racistas que se embranqueceram.

Você que propaga “Consciência Branca”, que é uma estratégia para diminuir a importância do Dia da “Consciência Negra”, passaria no crivo do racista que diz “passou de branco é preto”? 

Olha lá. 
Veja bem!

São os mesmos que negam nossa origem afro-ameríndia como um embranquecimento compulsório que nos torna sujeitos sem história ao final. Mas nas mesmas condições de desigualdade. 

Pardo, amarelo, marrom, jambo, canela... são termos comuns em nossa linguagem cotidiana como ferramentas de “embranquecimento”. 

O pessoal da consciência humana pode esquecer a estrutura de poder onde está inserido e fazer coro a redução da importância da questão negra para diminuir a desigualdade no país - mas seus senhores não.

Capitão do Mato - morre capitão do mato.
Não se iludam.
Nesse sistema vocês serão apenas mais um capitão do mato – por hora digital.
Essa é uma ferramenta aliada das forças autoritárias que crescem no país e no mundo.
Não faça coro aquilo que te reduz.
E ainda alimenta uma desigualdade cruel e secular no país.
Desde os primeiros navios negreiros que chegaram ao Brasil, esse povo da "Consciência Humana" já estava em cena - de chicote nas mãos, estuprando as mulheres, subjugando os homens.
Eu não tenho pedigree.
Minha origem dentre os subalternizados dificulta minha identificação genealógica. 
Mas sei que minha pele relativamente branca (meio verde, a bem da verdade) coloca-me no rol dos pardos, na classificação etnocêntrica do IBGE.
Eu rejeito esse rótulo.
Não sou nada, ainda me carimbam como parda?
Eu sou cabocla-amazônida nascida na Amazônia Tocantina no meio de constelação de quilombos – afro-ameríndia.
Alguns mocajubenses talvez pensem que apenas o Icatú, Uxizal ou Tambaí são quilombos em nossa região.
Ledo engano.
De Abaetetuba a Alcobaça (Tucuruí) para além das cidades ou dos barracões onde emergem os elos representantes das oligarquias, dizque notáveis - em todos os lugares, há reminiscência de quilombo. 

Importante, quilombos não são espaços de negros - são espaços de resistência aos sistemas dominantes onde estavam também negros, mas muitos soldados em degredo (muitos de origem indígena), mulheres fugindo da dominação masculina, estrangeiros como os judeus, fugindo de perseguições.

Ainda assim, é a negritude que se torna alvo das estruturas de dominação.
Mas você que não é "negro retinto" e alimenta essa cultura fascista travestida de humanismo da "Consciência Branca" pode usar esse dia para buscar sua ancestralidade. Ou para desenvolver a empatia por quem está a 300 anos sofrendo o jugo da escravidão.

Outros precisam apenas olhar bem para o espelho e se perguntar porque raspou a cabeça e nas meninas qual o sentido do uso dos métodos alisantes e da chapinha em sua cômoda e indagar sobre quem realmente você é.

"Máquinas zero" e chapinhas não mudam a história.
Mas você que enfileira-se na "Consciência Branca" pode mudar.
Hoje. Somos um país racista!
Mocajuba é uma cidade muito racista.
Busque o espelho, os livros e a história oral.

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