O encontro científico "Veias Abertas do Xingu", ontem à tarde, no Auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas - UFPA, Campus Guamá -, para tratar sobre o projeto da multinacional Belo Sun, que pretende extrair ouro do Rio Xingu, foi encerrado após o local ser invadido por um grupo de 30 pessoas lideradas pelo prefeito do município Senador José Porfírio, Dirceu Biancardi, o deputado estadual Fernando Coimbra e uma vereadora.
O caso terminou na Polícia Federal, onde a pesquisadora e professora da UFPA, Rosa Acevedo, registrou um boletim de ocorrência, denunciando ameaças e cárcere privado. O grupo entrou aos gritos no auditório, iniciando um tumulto que obrigou os organizadores a encerrar o encontro.
Os líderes dos defensores do projeto não aceitaram a decisão e decidiram tomar conta da mesa de trabalhos. Não deixaram ninguém sair, trancaram as portas e passaram a desferir pesadas críticas aos estudos que apontam danos ambientais e sociais que serão provocados numa das regiões mais impactadas do país e onde já funciona outra obra polêmica: a hidrelétrica de Belo Monte.
Intimidados e ameaçados de agressão, segundo relatos feitos ao Ver-o-Fato, os pesquisadores foram acusados de estar prejudicando as comunidades ribeirinhas da região que, segundo o prefeito e o deputado, apóiam e querem a obra da Belo Sun, alegando que ela levará emprego, renda e desenvolvimento para todos. A segurança da UFPA, embora acionada, não deu as caras no auditório.
"As pessoas que foram levadas pelo prefeito, deputado e vereadora estavam muito nervosas e eram incitadas pelos políticos, gritando palavras de ordem a favor da empresa", disse um pesquisador. A professora Rosa Acevedo, ao anunciar o cancelamento do evento, explicou que não havia condições para o debate, mas o grupo não aceitou.
Fonte: Blog Ver o Fato
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