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Pará lidera em casos de hanseníase


O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase notificados no mundo, perdendo apenas para a Índia. O Estado do Pará é considerado região hiperendêmica para a doença, ou seja, com mais de 40 casos a cada 100 mil habitantes, segundo informações da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).

Os dados foram confirmados pelo médico dermatologista e hansenólogo Cláudio Salgado, vice-presidente da SBH e pesquisador do Laboratório de Dermatologia da Ex-Colônia da Hanseníase de Marituba. Ele lidera, desde 2009, uma série de projetos de diagnóstico precoce da doença em municípios do interior do Estado, em que até o momento visitou 13 municípios diferentes, identificando a população contaminada pela doença e a encaminhando para o poder público oferecer tratamento.

Salgado alerta para o dado de que apenas de três a quatro casos novos de hanseníase eram notificados no distrito de Mosqueiro até 2014, quando sua equipe realizou um trabalho de campo que diagnosticou 102 casos novos em apenas uma semana, o que demonstra uma alta discrepância entre os dados oficiais da doença no município e a realidade da população.

Os resultados da pesquisa, no entanto, foram questionados pela Prefeitura de Belém na época, o único dos municípios visitados a contestar o trabalho do Laboratório, e enviou um médico para reavaliar os casos. Dos 102 diagnosticados pela equipe de 25 profissionais de Salgado, apenas 50 foram de fato reexaminados e 13 tiveram o diagnóstico confirmado e receberam tratamento, atitude criticada por Salgado. Com isso, 89 pessoas doentes não foram tratadas. “Então, existe uma subnotificação muito grande. Os casos não estão diminuindo, é o diagnóstico que não está sendo feito. A hanseníase no Pará virou uma endemia oculta”, aponta o pesquisador.

Há duas semanas, Salgado esteve em outro município paraense: Salvaterra, no Marajó. Ali as estatísticas apontavam o registro de apenas 37 casos da doença nos últimos dez anos. Em uma semana, contudo, o hansenólogo e sua equipe diagnosticaram 38 casos novos, mais que o dobro do montante de uma década. “Existe uma falta de preparo para a realização do diagnóstico precoce que, no caso da hanseníase, não é simples. Os médicos que estão na ponta do atendimento das unidades básicas de saúde não têm a qualificação ou a liberdade para fazer isso”, argumenta o especialista.

Devido os sintomas da hanseníase serem sutis e não haver um exame laboratorial que acuse a presença da bactéria, é preciso fazer exame clínico criterioso para se identificar a doença, o que, segundo Salgado, só pode ser desenvolvido através de treinamento, capacitação e supervisão.



SECRETARIA DE SAÚDE DE BELÉM CONTESTA DADOS APRESENTADOS PELA PESQUISA


Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que tem acompanhado o projeto “Hanseníase nos municípios do Pará: diagnóstico de casos novos, identificação e áreas críticas e treinamento de pessoal local para a manutenção de estratégias de controle da doença” desde 2014 e que devido aos resultados encontrados na ilha de Mosqueiro questionou junto à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) sobre a necessidade de uma reavaliação dos casos identificados, o que foi feito ainda em 2014 por um médico da coordenação estadual, sendo a maioria dos casos confirmados no início descartados nesta segunda avaliação.

Ao mesmo tempo, a Sesma e a Sespa acionaram o Ministério da Saúde para posicionamento quanto aos resultados obtidos pelo projeto. Sem resposta, em 2015, a Sesma iniciou processo no Ministério Público Estadual solicitando providências. Após trâmites legais, ficou definido que o Ministério da Saúde encaminhasse dois profissionais para fazer a reavaliação dos casos no período de 18 a 22 de setembro deste ano. Para esta reavaliação, 91 pacientes foram convocados. No entanto, apenas 69 pacientes foram localizados, pois 22 não residiam mais no endereço de domicílio informado.


Fonte: https://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-465189-para-tem-excesso-de-casos-de-hanseniase.html?v=289

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