Foi divulgado nesta segunda-feira (2) um estudo realizado nos fios de cabelo de 90 moradores de 14 comunidades do polo industrial e da sede de Barcarena, nordeste do Pará. O estudo apontou a presença de pelo menos 20 substâncias tóxicas, sendo três deles cancerígenos como o chumbo, cromo e níquel.
A coleta foi realizada entre 2015 e 2017 por conta de acidentes ambientais causados por indústrias que atuam na região. O Ministério Público Federal (MPF) já relacionou 17 acidentes ambientais entre 2000 e 2015. Outro caso foi o naufrágio de um navio com 5 mil bois vivos em Vila do Conde.
Uma comissão de sete deputados estaduais investiga os danos ambientais e sociais causados pelas mineradoras. Na região, atuam cerca de dez empreendimentos, entre eles duas indústrias da multinacional norueguesa Norsk Hydro, que recentemente despejou rejeitos sem tratamento que contaminaram rios e igarapés. A empresa é responsável pela refinaria Hydro Alunorte e a Albrás Aluminio Brasileiro S/A.
A pesquisadora doutora Simone Pereira, do departamento de química da
Universidade Federal do Pará (UFPA), disse que os elementos encontrados
são extremamente danosos ao ambiente e às pessoas. Segundo ela, o
chumbo, por exemplo, foi encontrado bem acima do normal nas amostras
coletadas.
Entre a população analisada, segundo Pereira, uma criança apresentou
nível de alumínio 100 vezes acima do controle; cromo 4 vezes acima;
manganês 3 vezes acima; e níquel 2 vezes. A mãe, que autorizou a
análise, disse que o menino apresenta problemas na pele, coceiras, além
de dores de cabeça constantes. A família consome água encanada, mas usa o
igarapé para tomar banho quando falta água.
O relatório foi produzido por pesquisadores da UFPA e apresentado no salão paroquial de Barcarena. Os resultados devem ser entregues às autoridades, como Ministério Público Federal (MPF), Governo do Estado e as pessoas analisadas ainda devem passar por novos exames, desta vez de sangue.
A pesquisadora explicou que as análises apontam as substâncias que estão saindo do organismo. Segundo ela, o exame de sangue vai mostrar a contaminação de fato. "O relatório não indica ainda que as pessoas estão doentes. (...) Os que apresentam níveis menores não quer dizer que estejam isentas da contaminação", explicou.
Via: G1
Comentários
Postar um comentário