Pular para o conteúdo principal

Em Santarém, indígenas denunciam desmatamento em território Munduruku para plantio de soja

Em vídeo, indígena denuncia desmatamento — Foto: Redes sociais


Indígenas da aldeia Açaizal em Santarém, no oeste do Pará, divulgaram um vídeo na quinta-feira (4) para denunciar o desmatamento que estaria ocorrendo em terras do povo Munduruku. De acordo com a denúncia, uma licença foi liberada para um empresário atuar com cultivo de soja em uma área que segundo o cacique Manoel Munduruku é indígena.

De acordo com Manoel Munduruku, o território indígena é protegido pelo governo federal, além de ser campo de estudos antropológicos da Fundação Nacional do Índio (Funai). Indignado, o cacique ressalta ainda que a área é uma reserva de mata virgem.

“É lamentável isso, estamos preocupados com essa situação. É uma reserva que a gente vinha protegendo há muito tempo que é onde realmente a gente caçava e colhia nossas frutas e hoje ela foi licenciada e simplesmente hoje está sendo devastado e só resta uma grande tristeza para gente”, contou Manoel.


Ao G1, o cacique falou que a finalidade do desmatamento é abrir área para plantio de soja. Nas imagens também é possível ver a presença de maquinários. “É uma situação devastadora, que daqui mais uns dias nossos filhos e parentes vão estar sofrendo as consequências", completou.

Esclarecimento


O empresário citado na denúncia é Ivo Luiz Ruaro, que atua no setor de grãos no Mato Grosso. Ao G1 a advogada Jane Maia, que representa os interesses do empresário nessa demanda esclareceu que a área em questão é de propriedade de Ivo Luiz Ruaro, sendo que o imóvel perfaz uma área de 2.003,7577ha (supressão autorizada será de apenas 202,87ha) denominada Fazenda Ruaro, localizada na Gleba Ituqui e que desde 2017 o proprietário protocolou toda a documentação para regularização ambiental da referida área (Protocolo 2017/35665 de 24/10/2017).

Ainda de acordo com a advogada, nesse espaço de tempo, o imóvel foi submetido à análise da Semas – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade que deferiu e emitiu:

Licença de Atividade Rural – LAR no. 13529/2020 válida até 22/12/2025;
Autorização de Supressão Florestal e Demais Formas de Vegetação – AUAS no. 197/2020 válida até 23/12/2021; 
Autorização de Fauna – AU no. 4613/2020 válida até 23/12/2021.



Jane Maia assegura que as autorizações emitidas permitem que o proprietário utilize parte da área para plantio, sendo que ela já se encontra devidamente licenciada, não havendo qualquer impedimento para o exercício da atividade agrícola. "O processo de licenciamento durou cerca de quatro anos e tramitou obedecendo inúmeras condicionantes e obrigações impostas pela Legislação Ambiental, tanto em esfera federal quanto estadual", explicou.

Quanto quanto ao teor do vídeo encaminhado por Manoel Munduruku, a advogada de Ivo Ruaro esclareceu que as informações de que a área pertenceria à comunidade indígena não procedem, uma vez que a área é objeto de um projeto embrionário de estudo decorrente de uma reivindicação indígena protocolada junto à Funai – Fundação Nacional do Índio desde 02/10/2018 que tem o objetivo de identificar a existência de supostos povos indígenas naquela região. O processo tramita junto à FUNAI sob o nº 08620.014358/2018-61, sendo que sequer foi realizado estudo antropológico, arqueológico e geográfico.

"Não há, até o presente momento, nenhuma confirmação da alegada e identidade ‘indígena Munduruku’ pela Funai, órgão competente e responsável pela aplicação da política indigenista do Governo Brasileiro. Tampouco há qualquer sinal de reconhecimento governamental da existência de qualquer suposto e alegado território Munduruku do Planalto", pontuou Jane Maia.

O G1 solicitou posicionamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) sobre a denúncia, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Movimento Almeirim Sem Medo, leva multidão para as ruas da cidade

Hoje é um dia histórico para o município de Almeirim no Oeste do Pará. Milhares de pessoas foram as ruas protestar contra a atual gestão do município, comandado por Adriane Bentes. A paralisação é uma forma de unir os trabalhadores do município em prol de melhorias para a população.  Desde que assumiu, a gestora do município tem enfrentado forte críticas da oposição e da população. Ruas completamente tomadas pelo lixo, escolas sem merenda, atividade nas escolas rurais estão paradas e os salários atrasados, são algumas das pautas nas reivindicações.  De acordo com Michelle Machado, umas das idealizadoras do movimento, nos disse: "foi satisfatório ver a população abraçando a causa. Não estou aqui apenas por mim, estou também pelo meu filho que herdará resultado das lutas travadas hoje. A população mudou, hoje está mais participativa e buscando melhorias reais".  Outra integrante do movimento é a cantora Kássia Andrade, que destacou que é um movimento "legít

JOSUÉ BENGSTON, QUE FOI CONDENADO PELA JUSTIÇA FEDERAL NA MÁFIA DAS AMBULÂNCIAS; DURANTE CULTO EM BELÉM DIZ QUE NÃO VOARIA EM AVIÃO COM PILOTO QUE ENTROU POR COTAS NA UNIVERSIDADE.

JOSUÉ BENGSTON, QUE FOI CONDENADO PELA JUSTIÇA FEDERAL NA MÁFIA DAS AMBULÂNCIAS; DURANTE CULTO EM BELÉM DIZ QUE NÃO VOARIA EM AVIÃO COM PILOTO QUE ENTROU POR COTAS NA UNIVERSIDADE.  Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o ex-deputado federal e pastor evangélico líder da Igreja Quadrangular do Pará, Josué Bengston (PTB), dizendo em culto que não voaria em um avião cujo piloto entrou por cotas na universidade. A declaração ganhou as redes sociais repudiando a fala do pastor. Em 2018, Josué Bengston foi condenado pela Justiça Federal à perda do mandato por participar de um esquema de desvio de dinheiro que ficou conhecido como “máfia das ambulâncias” no Pará.

Empresário em Almeirim constrói casa para família carente. Veja como ficou.

Casa que será entregue a família do Cícero O empresário Elizeu Batista, dono da Construtora Familiar, vai entregar uma casa recém construída a uma família carente no município, localizado no Oeste do Pará. A família contemplada foi do Sr. Cícero, escolhido pelos próprios moradores do bairro.  O processo começou assim, primeiro reuniram alguns moradores do bairro Buritizal, selecionando aqueles que estavam em situação de extrema pobreza, e através de votação entre os moradores, o Sr. Cícero foi o contemplado. Momento da Votação  O projeto nasceu no coração do empresário Elizeu de Oliveira Batista, que tem uma construtora na cidade. " Eu senti que deveria abençoar algumas pessoas na cidade, pois Deus tem me abençoado muito." relata o empresário que é membro da Igreja Assembleia de Deus.  A entrega será feita nos próximos dias, e a etapa seguinte é reunir outros empresário para que através de doação, ajudem a mobiliar a casa.  Veja as fotos do antes :   Veja as fotos agora:  Via